O Quarto ao Lado
O homem tem medo da morte.
Pura sorte!
Pois, a morte não mata ninguém.
É como acordar sem as dívidas,
sem as dúvidas entre as Marias,
sem as flores da primavera, é verdade,
porém, sem o frio vampiro do inverno.
É como descer de um ônibus de subúrbio,
conquistar um lugar no mictório público,
é a enésima potência, a redenção.
É o sentimento exato dos seios,
abandonando o sutiã apertado.
Ah! A morte...
leva aqueles que têm pressa de paz,
faz o vento correr para trás,
e revirar o tacho de cobre das histórias,
na voz fraca do velho vovô.