VERBO & VINHO, PÃO & CIRCO, PRANTO & POESIA

O verbo no infinito é tudo

e tem poderes plenos,

sem ele o mundo seria

mais duro e muito menos,

noutros verbais tempos

doutro tempo obsceno,

crítico e inseguro...

No princípio era o verbo...

do verbo, tudo... além de Deus...

e a esse Verbo me curvo,

cauteloso como um servo

e assim eu observo fortuito

a preservar pensamentos meus

como árvores que dão frutos.

O que seria do homem sem o verbo,

a sintetizar todo o sim, todo o não?

Restariam aquelas dores, das quais, fujo,

em ilógicos sentidos da razão,

na logia dos logismos, às ideologias

que precisamos sempre, à nossa definição

do que é ser, estar, fazer, diria...

acima do livre, abaixo da opressão!

"Se hoje eu canto,

é porque o instante existe..." (Cecília Meireles)

e se sou feito de pranto

é no encanto que persiste...

no entanto, assim espanto

a tristeza de ser triste...

e a partir desse instante

súbito de uma euforia

pareço ser inconstante

quando ponho minha mesa

regada a toda alegria,

a servir mais e com grandeza:

VERBO & VINHO,

PÃO & CIRCO,

PRANTO & POESIA!

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 20/04/2010
Reeditado em 20/04/2010
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