VERBO & VINHO, PÃO & CIRCO, PRANTO & POESIA
O verbo no infinito é tudo
e tem poderes plenos,
sem ele o mundo seria
mais duro e muito menos,
noutros verbais tempos
doutro tempo obsceno,
crítico e inseguro...
No princípio era o verbo...
do verbo, tudo... além de Deus...
e a esse Verbo me curvo,
cauteloso como um servo
e assim eu observo fortuito
a preservar pensamentos meus
como árvores que dão frutos.
O que seria do homem sem o verbo,
a sintetizar todo o sim, todo o não?
Restariam aquelas dores, das quais, fujo,
em ilógicos sentidos da razão,
na logia dos logismos, às ideologias
que precisamos sempre, à nossa definição
do que é ser, estar, fazer, diria...
acima do livre, abaixo da opressão!
"Se hoje eu canto,
é porque o instante existe..." (Cecília Meireles)
e se sou feito de pranto
é no encanto que persiste...
no entanto, assim espanto
a tristeza de ser triste...
e a partir desse instante
súbito de uma euforia
pareço ser inconstante
quando ponho minha mesa
regada a toda alegria,
a servir mais e com grandeza:
VERBO & VINHO,
PÃO & CIRCO,
PRANTO & POESIA!