FRIA PSICOGRAFIA

Gente, por favor, levem a sério, esta foi minha primeira psicografia, fui possuído pelo espírito do nobre poeta Henrique Diógenis, e logo transcrevi este poema que ele mesmo me comunicou, eu não queria, foi mais forte que eu. Lá vai:

FRIA PSICOGRAFIA

[A Chico Xavier, Ézio Bazzo, José Ingenieros e Fernando Pessoa]

Metade dos meus poemas,

Os que falam em horror,

Foram escritos na sacrista

Dos templos e igrejas por ande andei,

Das mais várias e diversas religiões possíveis;

A outra metade dos meus poemas,

Os que falam em amor,

Foram escritos na mesa ao fundo

De um cabaré imundo... sempre o mesmo cabaré!

Escutando musicas cafonas e fecundando meu corpo

Num orgasmo desalmado e sem um pingo de fé!

Meus pêsames a crueldade de todas as religiões,

Incitantes das guerras, amantes do sangue...

Meus pêsames a maldade de quem se julga amigo das almas!

Mesmo assim, uma salva de palmas a Chico Xavier,

O homem que, em plena noite de orgia num bordel seboso,

Fez meia dúzia de quengas se ajoelharem

Rezando preocupadas um ‘padre nostro’

Já decapitadas com a guilhotina do medo da morte

E o temor da vida assombramdo-lhes seu antro profissional!

Gênios existem,

Com certeza existem...

Sendo o maior ofício deles

O de enganar e se enganar!

Aceitar, sem embora acreditar nos dogmas,

Que os desvairados ,

Os lúcidos da loucura,

Os sedentos pela fome da aparição eterna,

Nos apresenta e nos faz crer como verdade,

Apesar de longiqua e infinita,

É pactuar que o balanço dos corpos

São envolvidos

Pela culpa do caos da maldade

E por causa da confusão dos espíritos.

A alma do homem não mora além do seu pensamento,

Assim como o espírito do corpo,

Não habita senão a residência

Do enleio e da vergonha da sua mente!

‘HENRIQUE DIÓGENIS’