Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...”  
              Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa



A alma das coisas

O ser, o não-ser, anseios reais 
Quem és tu, Fernando,
senão mar e firmamento 
implodindo-te em versos imortais? 

Diverso, perplexo, inquieto
completo, complexo, harmônico?
Perlustras tabacarias, ruas, tavernas...
Sorves regatos e montes
e árvores e flores e sol e luar...
A cada segundo não és o mesmo
e revelas a alma das coisas, Fernando!
 
Na solitária escrivaninha
o místico, o uno, o gênio,
os múltiplos: Caeiro, Campos, Reis...
O mestre, o sensacionista, o melancólico...
A emoção a entreter a razão?
 
Legaste ao mundo o drama
de todas as épocas, todas! 
Qual a misteriosa razão de haver estrelas e gente?
Enriqueceste os céus e a terra, Fernando!
Redescubro o eterno prazer de ler-te.
 
 


 
Agradeço ao amigo Gilmar Oliveira pela belíssima imagem.
Isabel Campos
Enviado por Isabel Campos em 18/04/2010
Reeditado em 25/01/2013
Código do texto: T2204764
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