“ Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...”
Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa
A alma das coisas
O ser, o não-ser, anseios reais
Quem és tu, Fernando,
senão mar e firmamento
implodindo-te em versos imortais?
Diverso, perplexo, inquieto
completo, complexo, harmônico?
Perlustras tabacarias, ruas, tavernas...
Sorves regatos e montes
e árvores e flores e sol e luar...
A cada segundo não és o mesmo
e revelas a alma das coisas, Fernando!
Na solitária escrivaninha
o místico, o uno, o gênio,
os múltiplos: Caeiro, Campos, Reis...
O mestre, o sensacionista, o melancólico...
A emoção a entreter a razão?
Legaste ao mundo o drama
de todas as épocas, todas!
Qual a misteriosa razão de haver estrelas e gente?
Enriqueceste os céus e a terra, Fernando!
Redescubro o eterno prazer de ler-te.
Agradeço ao amigo Gilmar Oliveira pela belíssima imagem.