FALANDO DA FELICIDADE

Felicidade é um aceno, um desvio, um atalho,

um tropeço evitado num caminho qualquer,

uma vela que teima em ficar acesa mesmo com alguém assoprando sem parar.

Felicidade é saber a resposta, talvez até a pegunta, talvez nenhuma das duas,

é ter louça pra lavar, fronhas pra arrumar, portas pra abrir,

é ter a paciência para ouvir o outro, mesmo quando se quer ouvir

apenas o nada.

Felicidade é comida temperada, roupa de filho suja,

é ser capaz de chorar diante das pequenas coisas da vida,

é ser capaz de abaixar a cabeça quando perceber que

a burrada está feita.

Felicidade é o nosso sangue querer andar por todas veias do corpo e confins da alma,

é conseguir dormir quando o sono roçar e trazer nos sonhos somente

espíritos de luz,

é ter um colo aquecido pra convocar sempre que a dor bater na

nossa porta.

Felicidade é ganhar dinheiro com muita alegria,

é pisar num chão que é nosso, ou que está caminhando para ser,

é poder olhar para trás e descobrir que tem coisa bonita nesse caminho.

Felicidade é acreditar no que quiser, quando quiser, se quiser,

é ter raízes, fazer frutos, gerar flores,

é ter o privilégio de pousar o sêmen somente num útero iluminado, limpo e bendito,

é gostar de abrir os olhos pela manhã e não precisar fazer segredo disso.

Felicidade é um dia morrer com a certeza de que valeu a pena toda

essa caminhada,

sabendo que o tempo foi irmão e não carrasco,

e que, sobretudo,

a vida não nos foi dada por mero capricho do destino.

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