PRIMITIVO
Sou tão primitivo!
Que das letras não me sinto gente.
Sou uma criatura!
Desumana
Insana
Que caminha sem direção
Um analfabeto de pai e mãe
Órfão das belas construções poéticas
De pobres mãos – duras e céticas
Que não dirigem meu caminho.
Não sou eloqüente
Sou carente
De métrica
Da estética
Sou dotado de emoção
Sou poeta sem razão
E ainda que precise
De muitas outras mãos
Pra dar vida ao meu trabalho
Mesmo assim eu não encalho
Quem sabe um dia eu não cresça
Quem sabe até não apareça
Na escrita deste vil
Talvez alguma evolução.