AMA TEU LUGAR
Inda no ventre da mãe,
o homem já vem da terra;
aí que planta as raízes,
onde se agarra e se aferra
pela paz do seu viver,
outras vezes pela guerra.
Feliz, já ditoso, aquele
que às origens bem se estreita;
não torce o nariz aos simples,
que deles o chão respeita;
pobres mas nobres irmãos,
gente do bem, tão direita.
Tudo que tem cor nativa
já me traz bom visual
– aquele cheiro da chuva,
mesmo um sotaque banal
do falar da caboclada,
que vem da zona rural.
Um verde, ao cantar do sol,
um horizonte bordado,
um céu pinicando estrelas;
e, além, um curral de gado,
ovelhas brancas pastando,
mas Rosa, cá, do meu lado.
Tais bucólicas passagens
no meu peito se confinam
– renasço em meus ancestrais.
Os sons do pinho me animam
e a qualquer lugar natal
as loas todas combinam.
Jamais irei concordar
que teu chão tu minimizes;
se oriundo foste dele,
dele exclui ruins matizes
que o desabonem, perante
o breu das piores crises.
Conheço alguém que não gosta
de haver nascido em tal banda,
no que discordo redondo.
Não é no gelo que manda
urso-branco, à luz do dia?
– Põe os teus pés na ciranda.
Menina, boba menina,
que viste o sol numa praia,
ama teu lugar de origem!
Por mim, amarro-me à laia
que me conduz às raízes
das quais me faço atalaia.
Fort., 17/04/2010.