QUANDO TUDO É SÓ LITERATURA Literatura de mãos literatura de pés literatura de olhares literatura de vontades literatura de projetos literatura de encantamentos tudo pra eles foi literatura, cartas virando textos, textos virando cartas, almas virando rimas, beijos frios nos cenários... Conviveram cada um com o que construíram do outro e como era de se esperar, o ser "construído" quando saía do seu papel de personagem, sangrando sangue verdadeiro, gritando a dor de alguma ferida (verdadeira) saltava da tela fria, ameaçando virar gente, quebrando todo o cenário, fugia ao script, que drama, era logo desdenhado, marcado para morrer... Ainda bem que era só literatura, onde morrer e nascer é só pensamento de autor, este autor chamado Acaso, que joga as pessoas a seu gosto... Ainda bem que tais mortes, como nos palcos dos teatros, ao findar a cena triste da despedida cruel, os atores voltam a ser, aquilo que sempre foram, e se já vivem há décadas, então saberão que na vida o que mais há são despedidas, mas saberão também que permanecem intactos, na sua verdadeira essência, conviveram cada um com o que construíram do outro mas não há tais despedidas, entre seres de tal matéria, pois nas peças, há os atos, nas novelas, os capítulos, e os atores sempre ressurgem em tantos novos papéis, enredados nas tramas do Acaso.. Da peça que encerrou-se ficam os atores ... à espera de novos papéis... não há despedida entre eles... |
tania orsi vargas |
Publicado no Recanto das Letras em 03/05/2008 Código do texto: T973314 |
Comentários
10/05/2008 02:49 - Tânia Souza
É por poemas assim que quando um aroma de vazio ameaça meu olhar, eu corro em te ler. Ah, Tânia, que verve é essa? Que verbo ácido, doce e corrosivo é este que inunda a tua poesia e nos e parece gritar num sussurro a vida? sei lá, vou suspirar e ficar por ai, literalmente, e literariamente, como disse o João. Abraços e desde já, um feliz dia das mães para uma mulher que admiro, pessoa fascinante que você é, minha querida amiga.
04/05/2008 10:38 - RODOLPHO
Querida Tânia, você quer que eu tire a camisa, mas, ao mesmo tempo, veste a mesma, pois a seriedade dessa prosa poética estravasa qualquer expectativa. Você traçou um estudo da dramaturgia nos exatos modos de Stanislavsky, e, ao mesmo tempo, com uma aura de Ionesco. Porém, a reflexão filosófica salta aos olhos, se escancara, sem que você nem esboçe a contenção da mesma. Texto inteiramente denso e que convida a inúmeras leituras que, por ser de uma obra aberta, jamais serão repetitivas, e, de cada uma dessas leituras, brotarãp proveitosas novas visões. Parabéns, parabéns, parabéns. Beijos.
03/05/2008 22:29 - Gilberto Chaves
Caracas, você foi fundo. Exelente !
03/05/2008 16:19 - João Adolfo Guerreiro
O papel sangra literariamente, as pessoas literalmente.
03/05/2008 16:15 - VICTORIA MAGNA
Grande mensagem, Tânia! Parabéns! Tudo bem contigo? Felicidades! Elma