Espera
Olhei o relógio tantas vezes
Contei as horas a cada segundo
Desejei o por do sol antes do meio-dia
Tentei apressar o tempo
Que, de pirraça se arrastava lento.
Despi-me da pureza e vesti flores
Pus uma gota de absinto no pé da orelha
Untei a pele com óleos sagrados
Só pra sentir o teu beijo abusado
E ouvir palavras de encantamento.
Espichei meu olho além do umbral da porta
Pulsei meu coração pela veia aorta
Desnudei os medos e deixei-me seduzir
Pelo advento da tua chegada.
A noite antecipava madrugada
Uma estrela atravessava o céu
Só para que eu fizesse um pedido
Cadente.
Forjadas todas as palavras
A boca morta pintada de carmim
Do último vinho o amargo hausto
Degustei a própria insensatez
De pensar, talvez!
Castiguei o desejo e matei a espera
Abjurei a minha ignorância
E brindei ao desencontro.
Expiação!
Aqui estou
Até que o sono escorra dos meus olhos
E o novo dia traduza a palavra
Volta!