Espera

Olhei o relógio tantas vezes

Contei as horas a cada segundo

Desejei o por do sol antes do meio-dia

Tentei apressar o tempo

Que, de pirraça se arrastava lento.

Despi-me da pureza e vesti flores

Pus uma gota de absinto no pé da orelha

Untei a pele com óleos sagrados

Só pra sentir o teu beijo abusado

E ouvir palavras de encantamento.

Espichei meu olho além do umbral da porta

Pulsei meu coração pela veia aorta

Desnudei os medos e deixei-me seduzir

Pelo advento da tua chegada.

A noite antecipava madrugada

Uma estrela atravessava o céu

Só para que eu fizesse um pedido

Cadente.

Forjadas todas as palavras

A boca morta pintada de carmim

Do último vinho o amargo hausto

Degustei a própria insensatez

De pensar, talvez!

Castiguei o desejo e matei a espera

Abjurei a minha ignorância

E brindei ao desencontro.

Expiação!

Aqui estou

Até que o sono escorra dos meus olhos

E o novo dia traduza a palavra

Volta!

FATIMA MOTA
Enviado por FATIMA MOTA em 17/04/2010
Código do texto: T2202408
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