Herança de Sangue.
Me inquieta essa minha alma livre.
A dizer palavras que contam a dor
Dos meus antepassados...
Eram negros, pobres, encarceirados
Eram pardos, pagãos, eram escravos!
Minha pela mestiça,maldiz
Esse açoite infeliz que a carne sangrava.
liberdade! Liberdade!
Escrita com os sangue das mães
Com o sangue da Vó
Que o branco domesticava com punhos de aço!
Liberdade! Liberdade!
Escrita com sangue do menino tristonho
Do Negrinho indolente, lá dos Palmares.
Minha pela mestiça, maldiga sempre
Essa página triste, infeliz
Que desfez o que Deus quiz
Quando em barro igual nos criava.
Liberdade! Liberdade!
Escrita em meu peito
Herança de um sangue escravo!
(Em memória da Dona Maria Celeste Minha triavó)