TELA DE JOAN MIRÓ

 
Penso no que as orelhas do meu primeiro caderno 
ao acaso ouviam de mim
e nunca puderam me dizer,
porque eu as alisava até quase queimá-las
com um pesado ferro quente de passar roupas
para que ficassem tão comportadas e discretas
quanto surdas.
 
Talvez para que jamais soubessem desses meus segredos
que somente hoje,
em poesias,
ouso confessar
em tímidos sussurros.