PÓLENS
PÓLENS
Eduardo B. Penteado
Nada a fazer, senão
Escutar o mais belo tango do mundo
Num fim de tarde perdido num verão
Na mais bela cidade do mundo... que importa?
Velando o cadáver de um telefone mudo.
Espero a chance de ouvir a voz
Da mais bela mulher do mundo
Cujo rosto não me recordo mais
Ainda não aprendi a matar de fome
Os meus devaneios... travesseiros... não.
Só queria ter o poder
De fazê-la pensar em mim por um só momento
Apenas por um momento.
Que asneira, é óbvio que não!
Um momento apenas não faria meu telefone tocar
E hoje o meu telefone morreu
Somente hoje
Calou-se, emudeceu
Saí, bebi, chapei
Ri com os outros ébrios, aprisionando lágrimas
E amaldiçoando as mudas rosas que mandei...