PÓLENS

PÓLENS

Eduardo B. Penteado

Nada a fazer, senão

Escutar o mais belo tango do mundo

Num fim de tarde perdido num verão

Na mais bela cidade do mundo... que importa?

Velando o cadáver de um telefone mudo.

Espero a chance de ouvir a voz

Da mais bela mulher do mundo

Cujo rosto não me recordo mais

Ainda não aprendi a matar de fome

Os meus devaneios... travesseiros... não.

Só queria ter o poder

De fazê-la pensar em mim por um só momento

Apenas por um momento.

Que asneira, é óbvio que não!

Um momento apenas não faria meu telefone tocar

E hoje o meu telefone morreu

Somente hoje

Calou-se, emudeceu

Saí, bebi, chapei

Ri com os outros ébrios, aprisionando lágrimas

E amaldiçoando as mudas rosas que mandei...

Eduardo Barcellos Penteado
Enviado por Eduardo Barcellos Penteado em 16/04/2010
Código do texto: T2201553
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