RASCUNHOS NO PAPEL

Rabiscos vagando em linhas pautadas

À lápis, caneta ou pincel de tinturas borradas

Dançam um trançado de formas e gestos simples

Que traduzem anseios amalgamados aos dedos,

Granjeando vida por si só, nos aconchegos

De um papel comum, que dirime segredos.

Nada és quando leve em branco,

ante eras vida, pomar de aparar vento brando

agora acalanto de um desconhecido autor

se optativo for, ao menos sejas ingênuo bilhete de amor

ou até alvo de uma criança no seu primeiro experimento de cor.

Como puderas ser papel, de extremos ao véu

Poético, burocrático, afável ou cruel

Que se esconde no bolso, se dobra pra droga

Que se esconde na bolsa, se faz moeda de troca

Uníssona matéria-prima que o construtor de deserto enfoca.

Ricos-homens pobre-sonhadores

Capazes de imprimir diferentes valores

Com poderio de persuasão da mente

Mas, valente... é a razão, que nos reverencia a cada dia

Semente que faz gerir leis, nossa tentativa de anistia

Em pungentes entrelinhas que não saem do próprio papel

Sim é ele mesmo, do papiro ao Mershan

Do cardápio chic ao nascer da manhã,

Que limpa o cantinho da boca após o croissant

E agora esquecido e trocado por uma mente sã

Que deixara de me fazer de elo inspiração-amor

Preferindo as ruidosas teclas de um tal computador

Que sequer soube o que é vida e o que é dor

Para ser o seu indispensável parceiro compositor

Globalizado estará o mundo, ano após ano

Mas sempre um simples rascunhado à mão

Terá mais valor ao escrever secretamente: EU TE AMO !

Paulo Henrique Oliveira
Enviado por Paulo Henrique Oliveira em 16/04/2010
Reeditado em 24/06/2011
Código do texto: T2200819