RASCUNHOS NO PAPEL
Rabiscos vagando em linhas pautadas
À lápis, caneta ou pincel de tinturas borradas
Dançam um trançado de formas e gestos simples
Que traduzem anseios amalgamados aos dedos,
Granjeando vida por si só, nos aconchegos
De um papel comum, que dirime segredos.
Nada és quando leve em branco,
ante eras vida, pomar de aparar vento brando
agora acalanto de um desconhecido autor
se optativo for, ao menos sejas ingênuo bilhete de amor
ou até alvo de uma criança no seu primeiro experimento de cor.
Como puderas ser papel, de extremos ao véu
Poético, burocrático, afável ou cruel
Que se esconde no bolso, se dobra pra droga
Que se esconde na bolsa, se faz moeda de troca
Uníssona matéria-prima que o construtor de deserto enfoca.
Ricos-homens pobre-sonhadores
Capazes de imprimir diferentes valores
Com poderio de persuasão da mente
Mas, valente... é a razão, que nos reverencia a cada dia
Semente que faz gerir leis, nossa tentativa de anistia
Em pungentes entrelinhas que não saem do próprio papel
Sim é ele mesmo, do papiro ao Mershan
Do cardápio chic ao nascer da manhã,
Que limpa o cantinho da boca após o croissant
E agora esquecido e trocado por uma mente sã
Que deixara de me fazer de elo inspiração-amor
Preferindo as ruidosas teclas de um tal computador
Que sequer soube o que é vida e o que é dor
Para ser o seu indispensável parceiro compositor
Globalizado estará o mundo, ano após ano
Mas sempre um simples rascunhado à mão
Terá mais valor ao escrever secretamente: EU TE AMO !