Vagando Pela Cidade
Serei pó algum dia
Nunca, porém, serei programa.
Tenho minhas opiniões
Jamais as venderei.
Caminho sozinho se for o caso
Mas, carregado por hierarquias, racismo... não.
Mendigarei comida, afeto, atenção
Sabe-se lá...
Mas, o sangue em minhas mãos será sempre o meu
Jamais dos outros.
Posso viver num canto mínimo, curto, criança
Mas, nele vivo livre, necessariamente.
Posso causar transtorno e ódio
Já senti-los às margens do meu peito... Impossível.
Sou um rascunho inacabado, faltoso
Imperfeito por ser racional e terráqueo.
Eu não iria viver tanto tempo assim.
A demora ruiu, minha ida se faz por ser...
Deixo em paz as folhagens que piso
E, como um rótulo cheio de referencias
Que ninguém lerá,
Vago pela cidade
Nos dias úteis e inúteis que já eram
Se fossem.