[Descompreendo as Cores]

[A modo de resposta para as cores de "Janelas Fechadas", de Aída de Núbia]

As cores do mundo:

as cores todas me atingem...

Díspares coisas, assim —

uma borboleta amarela pousada

num pau-de-cerca cinzento, seco;

o zumbido violeta dos grilos do campo...

ou o sangue de um corte recente —

— a dor é vermelha?!

Ou a dor é azul, é roxa?!

Que cor tem a dor do ápice do gozo?

E que estranha sinestesia é essa,

essa mescla de sentires que transtorna em medo,

angústia, amor, paixão, e até tesão

a cor, a simples cor de um par de olhos?

Descompreendo!

Também...

se eu compreendesse,

o que eu compreenderia é "nada"

- a vida é um sensacionismo alucinante...

Meus olhos: castanhos,

mas às vezes, para alguém, são verdes,

verdes de quê? Mentem-me...

Torno a descompreender...

[Penas do Desterro, 14 de abril de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 14/04/2010
Reeditado em 22/04/2012
Código do texto: T2197492
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