[Descompreendo as Cores]
[A modo de resposta para as cores de "Janelas Fechadas", de Aída de Núbia]
As cores do mundo:
as cores todas me atingem...
Díspares coisas, assim —
uma borboleta amarela pousada
num pau-de-cerca cinzento, seco;
o zumbido violeta dos grilos do campo...
ou o sangue de um corte recente —
— a dor é vermelha?!
Ou a dor é azul, é roxa?!
Que cor tem a dor do ápice do gozo?
E que estranha sinestesia é essa,
essa mescla de sentires que transtorna em medo,
angústia, amor, paixão, e até tesão
a cor, a simples cor de um par de olhos?
Descompreendo!
Também...
se eu compreendesse,
o que eu compreenderia é "nada"
- a vida é um sensacionismo alucinante...
Meus olhos: castanhos,
mas às vezes, para alguém, são verdes,
verdes de quê? Mentem-me...
Torno a descompreender...
[Penas do Desterro, 14 de abril de 2010]