Outro eu.

Senhor dos meus abismos desmorono

Escravo do lirismo, por orgulho,

Da fenda larga salto num mergulho

A letra morta canta o abandono.

O corpo cai sujeito a todo dano

O canto esvai sem causa, sem barulho;

A boca trai sujeita a tal esbulho

A feição de um algoz, perdido plano.

A sombra vela o sono mais profundo

A escuridão do claustro me renega

Despojos se tornam campo fecundo

A vida noutra vida me navega

A ponte faz divisa com dois mundos:

Meus vermes, onde a carne desagrega.