fractais 2

estórias canções

biografia incompleta

trajetória inconclusa

a linha da vida derrapa

na morte sempre curva

entre a moto

à minha direita

quase caindo

e o ônibus

à minha frente e à esquerda

que avança furiosamente

a poesia

-flor muito frágil- resiste

e se alimenta só de brisa

cave bem fundo

e mais fundo a terra

até encontrar a água

mais secreta

e bebe

talvez ela umedeça

teus lábios de pedra

ouço

e no osso

da flauta

flutua

agudamente

mais que música

mais que mágica

a ira santa

minha ternura profana

aprisionar a água

e a alma

nesta raia nesta rinha

e assim piscina

pastar em si mesmo

vivencias mofadas

vida apenas refletida

o anjo na sombra

é uma luz acesa

acende os olhos e coloca

neles o silencio

o anjo na sombra

aquece a semente e prepara

o tempo da colheita

nosso corpo é a sombra

onde mora o anjo

um olhar se move entre as pedras

ardendo dissolve músculos e ossos

consome seu próprio espaço devora

qualquer extensão de tempo

um olhar imóvel

e ágil

absorve-se

na sombra de todos os gestos na pura

isenção do ato

um olhar entre as pedras chama

e na sua própria chama transfigura

qualquer contato

e nenhuma resposta retorna depois de encontrá-lo

confundo com flores

as pessoas com quem falo

quando a cidade é um sorriso e

não existem lábios

na minha tristeza

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 14/04/2010
Reeditado em 29/09/2012
Código do texto: T2195683
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.