fractais 2
estórias canções
biografia incompleta
trajetória inconclusa
a linha da vida derrapa
na morte sempre curva
entre a moto
à minha direita
quase caindo
e o ônibus
à minha frente e à esquerda
que avança furiosamente
a poesia
-flor muito frágil- resiste
e se alimenta só de brisa
cave bem fundo
e mais fundo a terra
até encontrar a água
mais secreta
e bebe
talvez ela umedeça
teus lábios de pedra
ouço
e no osso
da flauta
flutua
agudamente
mais que música
mais que mágica
a ira santa
minha ternura profana
aprisionar a água
e a alma
nesta raia nesta rinha
e assim piscina
pastar em si mesmo
vivencias mofadas
vida apenas refletida
o anjo na sombra
é uma luz acesa
acende os olhos e coloca
neles o silencio
o anjo na sombra
aquece a semente e prepara
o tempo da colheita
nosso corpo é a sombra
onde mora o anjo
um olhar se move entre as pedras
ardendo dissolve músculos e ossos
consome seu próprio espaço devora
qualquer extensão de tempo
um olhar imóvel
e ágil
absorve-se
na sombra de todos os gestos na pura
isenção do ato
um olhar entre as pedras chama
e na sua própria chama transfigura
qualquer contato
e nenhuma resposta retorna depois de encontrá-lo
confundo com flores
as pessoas com quem falo
quando a cidade é um sorriso e
não existem lábios
na minha tristeza