AUTORRETRATO...

É tudo inverno neste peito.

É tão eterno o meu inverno.

É tão sem verde minha esperança.

Fica tão sem graça seus cabelos com trança.

Cadê a neve que faz frio o amor?

Cadê o sorriso que é falso e breve?

Onde está o poema que esteve aqui?

Aonde dói mais no peito que virou inverno?

Este quadro que se pinta é um autorretrato.

Cadê a lágrima que me queima a pele do rosto?

- Eu vi. Fundiu-se com a saudade do olho da

menina que fica sem graça com suas tranças.

É tudo nostalgia neste meu inverno eterno.

Não há poesia que alivia, nem a que Deus cria.

É tudo noite e todo fantasma solto me espia.

Até o dia virou noite no quadro que fazia a mão

feia e fria do pintor no dia-noite da minha agonia.

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 13/04/2010
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