Boca de Urna

Berram as bocas crédulas:

-”Votem em João Valente,

ele nunca trai, nunca mente,

não é recruta, nem tenente”.


E fazem o chão branco de papéis,

vibram as mãos simples, sem anéis,

viram coiotes, cães fiéis.


Para educar, João Valente!

Para abastar, João Valente!

Para curar, João Valente!


E vão sendo lidas as cédulas,

os derrotados trocam de camisas,

aos outros, num bilhete, Dr. João avisa:

“- Companheiros, no andar número trinta,

daquele prédio sem elevador,

retribuirei a todos o favor,

não haverá mais fome e nem dor!”


Dizia o bilhete a lápis e não a tinta.
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 13/04/2010
Reeditado em 19/11/2015
Código do texto: T2193721
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