TRABALHAR O ALGODÃO ( * )

No balanço desta vida

As vezes fico a pensar

Como as coisas mudaram

Em ritmo de admirar

Como era a vida na roça

Vou agora comentar.

O homem no serviço pesado

Cuidava das plantações

A mulher cuidava dos filhos

E muitas outras obrigações

Tarefas que exigião

Esforço e dedicação.

Como a arte de destaque

Trabalhar o algodão

Depois do algodão colhido

O que primeiro era feito

A catação dos ciscos

Tudo manual, com muito jeito.

Para retirar a semente

Passa no descaroçador

Com o algodão limpo e puro

Vai para o arco, o batedor.

Ao passar no batedor

O algodão fica fofinho

Então vai para a cardadeira

É cuidado com carinho

É transformado em pastas

De jeito bem bonitinho.

Quem bem sabe, é quem já viu

Ai nas mãos da fiandeira

É transformado em fio.

Isto é feito na roda

Engenhoca interessante

E também no antigo fuso

Inventado muito antes.

Já transformado em fio

Na dobradeira vai passarela

É transformado em meada

Para não embaraçar.

Em meada transformado

De maneira bem segura

Assim fica preparado

Para o processo de tintura.

Usava-se ramos de avil

Também casca de lobeira

Tingia com urucum

São tinturas de primeira

Amarelo da quaresma

De ferrugem o marrom

A tinta de assafrão

Também um bonito ton.

Após feita a tintura

Para a dobradeira boltava

Trabalho feito com calma

Em novelos transformava.

Levados para a urdideira

De outra forma trabalhado

daí para o tear

Um processo complicado

Cada tipo de tecidos

Nos lissos e pentes controlodos.

Daí vem a tecelagem

Lançadeiras em vai e vem

Movimentos tanto com as mãos

Assim com os pés também.

Para ver é complicado

Pra que sabe é brincadeira

Roupas de cama, lindas colchas

Vestes pra familia inteira.

( * ) A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com