SINOS AO VENTO
Lembro-te agora,
que já não és
meu tempo outrora,
mundo a meus pés...
Ah, quem te chora,
vida em viés,
parei, embora
passe através!
Lembro-te ainda
descalça e leda,
segura e linda
pela vereda,
oh!, vida vinda,
envolta em seda,
quase me finda
quem me preceda!
Lembro-te e sinto
quanto de mim
ainda minto
negando o fim,
tropeço e finto,
vivendo assim,
refém do absinto
do talvez sim!
Lembro-te, Vida,
ainda criança,
promessa fida
e já cobrança,
ah, minha ferida,
já foste esperança,
agora tida
sob fiança...
Lembra-me, Morte,
que só me sobra
o que, por sorte
ou por manobra,
eu fizer norte
e própria obra...
O vento é forte,
o sino dobra...
Lembro-te agora,
que já não és
meu tempo outrora,
mundo a meus pés...
Ah, quem te chora,
vida em viés,
parei, embora
passe através!
Lembro-te ainda
descalça e leda,
segura e linda
pela vereda,
oh!, vida vinda,
envolta em seda,
quase me finda
quem me preceda!
Lembro-te e sinto
quanto de mim
ainda minto
negando o fim,
tropeço e finto,
vivendo assim,
refém do absinto
do talvez sim!
Lembro-te, Vida,
ainda criança,
promessa fida
e já cobrança,
ah, minha ferida,
já foste esperança,
agora tida
sob fiança...
Lembra-me, Morte,
que só me sobra
o que, por sorte
ou por manobra,
eu fizer norte
e própria obra...
O vento é forte,
o sino dobra...