Sem rima, métrica ou forma - SÓ CORAÇÃO
Era uma vez um menino que queria se expressar
Mas sem palavras "bonitas" não sabia nem como começar.
Se cantava, declamava ou escrevia – eis outra pergunta sem solução!
Mas uma coisa ele sabia: seu peito se agitava e o coração até doía
De tanta emoção!
Era emoção boa, que fazia ele rir
Risada que não para, risada que contagia...
E que alivia o coração.
Mas tinha também emoção diferente, daquelas que vem de repente
Sufocando a alegria, incomodando mais que alergia
E derrubando lágrimas – mesmo sem razão.
E a lágrima que caía molhava o papel e se perdia,
E igual à palavra não escrita, era logo logo esquecida.
E seu peito se agitava, pois o menino tinha algo a fazer,
Mas a mão não mexia, a tinta da caneta não saía,
E o coração voltava a doer.
A dor então passava e de repente tudo mudava:
De novo a risada sem controle, de novo o amor a invadir,
E no menino, aquela sensação excitante de com o mundo contribuir.
Era tanta emoção para compartilhar, um real desejo de dividir,
Mas... como começar? Se a rima, a métrica e a forma ele não dominava...
Só tinha esse sentimento que gritava: “Hei! Não me ignore!
Eu ainda estou aqui!”
Novamente papel em branco e caneta de tinta azul
“Poema, história ou canção?” se perguntava o menino,
Ora, já recomeçava a confusão!
“Escreva, expresse, compartilhe!” – lhe ordenava o coração
E o peito novamente se agitava tomado de tanta emoção.
Mas desta vez a mão trabalhava! – (deixando de lado a razão).
E as palavras que surgiam vinham direto de sua alma
E o papel ganhava vida, porque vida é emoção.
E a cada idéia que grafava, um pouco mais o peito se acalmava
E logo logo seu mundo interior, com o exterior se misturava
E enfim o menino sentia paz no seu coração.