socando o espelho
la estava eu
e na angustia
olhei pela janela
procurei alguma estrela
mais so na ausencia
te encontrei
por que na ausencia
te criei
tao perfeita
tao sublime
como o amanhecer
que ao despertar
leva embora a morte
no suspiro do condenado
que sobe sorrindo a forca
naquele momento
em que o vazio
me permitiu nao ser mais nada
como o instante que precede
a batida na porta
a batida no peito
os olhos contemplando
no espelho
o fatidico instante
em que perdi de todo a alma
no esforço
de te criar
e voce se foi com o vento
que eu invoquei pra te levar
pra que sejas o sonho
mesmo sabendo
que nao existiras
so voltara
quando eu voltar
a nao ser mais nada
e entao flutuando
me fara suspirar
e vendo tao sublime visao
coraçao louco
inconstante e apaxonado
em fim se acalmara
é ela
pedaço perdido
e ultimo
da alma
em que eu criei
anjo amor e carrasco
minha dama
minha noite
minha morte
solidao
e poesia
que em versos
eu amei...