SÚPLICA
Tem dias em que me corre na pele um fogo
De aço um arrepio
Uma louca paixão por tudo
Pelas formigas de asas
Pelas plantinhas
Pelos animais no cio
Pelos campos a perder de vista
Pela estrada abandonada
Aí eu me apaixono até por mim
Pelo bêbado da madrugada
Sujo e esfarrapado
E me dá vontade de dançar com ele
Apertar com força em torno da cintura
E vejo que nos seus olhos desacostumados de amor
Me chama de louca e impura
Fico louca de amor pela rua vazia e a chuva caindo fininho
Enchendo no canto uma bacia
Louca de amor pelas praças
Ai, quanto gosto das praças
Principalmente praças noturnas e tristes
Se eu fosse homem seria um perdido
Passaria a noite em frente ao rio
Fizesse calor ou frio
E ficaria um tempão num aeroporto
Só pra ver chegar e sair avião
E como seria um louco apaixonado
Me sentaria na beira da praia
Pra conversar com as ondas do mar
Pra deitar na areia
Olhar a imensidão do céu namorando as ondas
E como Salomão implorou Sabedoria
Eu imploraria
Poesia