Página virada
De repente a alma ficara silente,
De lembrança sobrou-lhe apenas uma flor
Sobre o caderno a última frase de amor
Em rabiscos findou-se o sonho luzente...
Flor, só restara em ti perversos espinhos
Versos forjados com os prantos matinais
De letras espalhadas pelos vendavais
Lembranças vão traçando tristes caminhos...
Flor de primores e cores desabrochou
Lançou-se nos afagos da primavera
Tal qual o orvalho se enlaça com a terra
Prende-se a pouca esperança que restou...
Da última página, branca, translúcida,
Restaram meros retalhos espalhados
Em mil poemas de versos amputados
Sem pé nem cabeça, vago, sem vida...
Vêm as chuvas de verão superficiais
Numa correnteza rasa de esperança
Vem numa brisa passageira lembrança
E seu sopro traz tristezas colossais,
Forjado no inferno, em abrolhos de ferro
A morte se desenha rapidamente
Completa o circulo e volta a ser semente,
Na última página, um tom de desespero...