gaiola dourada
GAIOLA DOURADA
Teus olhos, teu encanto e sedução
Minha inocência, minha perdição
Quando dei por mim, em lutas vãs
Já cansada de tanto fugir
Tu armas num canto da mata
De minha vida, de meu coração
O que seria a minha prisão
Como um pássaro num alçapão
De asas caídas, exausta quase já sem cantar
Destes-me por morada
Uma gaiola dourada
E qual pássaro cativo, ferido
Só minha dor exalava
Sem que alguém pudesse entender
Meu canto se tornou triste,quase inaudível
Tristes canções da alma
Que talvez só se ouvisse o lamento
Outra alma em desalento
Outro coração sensível
Me acostumei, melhor, me conformei à prisão
Que me ofertavas ao coração
Que dilacerava o corpo, refletia a dor
Em triste cantar, sózinha num canto
Passei a ser vista como pássaro sem canção
não alegrava mais, de meu dono o coração
Fui esquecida, às vezes gaiola de portas abertas
Eu via a floresta de meu viver
Via, mas já não sabia crer
Em voltar, em voar...
Fui feliz por momentos
Mas tua força e poder
Nos homens, me fazia ver
Seres que encarceram, dilaceram
Enclausuram seres sem pena
Só pelo desejo de ter
Prendia-me com teu amor
Que sufocava, causava dor
E minha gaiola dourada
Tão rica, por ti preparada
Me matava a cada entardecer
Quando eu lembrava de minha floresta
Pássaros livres, a cantar em festa
Sinto o cheiro da liberdade
Plasmada nas asas que tentam voar
Ah! Meu Deus, quanta saudade
Me corta o coração
Minha voz que já não faz canção
Ao regato tranquilo em que viu
Saciar minha sede quando me traiu
Pensei ser o meu amado,e me fez prisioneira
Deixei de ser encanto, de ser faceira
Entoei tristes lamentos
Ah! se minha voz escutasse,
Ah! se me fizesse ouvir
Talvez livre me deixasse
Quero de novo voar, alçar vôos
Meu próprio alimento procurar
Minha sede saciar
Sem te precisar preocupar
Ao cair da tarde, ao anoitecer
Voltar minha alma p/ Céus
Buscar estrelas, o luar
E em uma noite alcançar
Em meus sonhos, o sonhar
Da liberdade, da emoção
Solta-me, por favor
Não é assim o meu amor,
Deus me deu por gaiola do coração
O Universo todo, a imensidão
Quero voar...voar....
DIANA LIMA, ITANHAÉM/sp, 11/01/2004