CHORO DE CABOCLO

Lá no meio da chapada

contra o vento abrigada

pela serra a encostar,

onde cresce alto o mato

que dá muito carrapato

e custa muito capinar.

Há uma casa envelhecida,

de madeira enegrecida

pela fumaça do fogão.

A porta range,meio cadente,

perto dela, mais à frente,

um pé de manjericão!

O canteiro é todo orlado

de flores, é bem cuidado,

do caboclo,é afeição!

Chão de barro bem socado,

pau bem firme arrimado

sob grande madeirão!

Um banquinho "pé quebrado"

na parede encostado

junto ao cesto de pinhão.

Nele senta fim do dia,

já cansado da agonia

e de tanto trabalhar!

É o caboclo brasileiro

que trabalha o dia inteiro

para o mato depenar!

Quando não, acocorado,

pita o fumo, meio de lado,

com preguiça, a cismar:

" Êta mato, tá danado!

Como custa capinar!"

Água ferve na chaleira

baforando a cumieira

de sapê quase a estalar...

Enquanto fora sopra o vento

que é quase um lamento

sobre a terra a queimar...

Mas, à noite, o que consola

é tocar sua viola prá família escutar!

Enquanto a lenha crepita,

a meninada saltita

e a cabocla ainda bonita

vai preparando o jantar!

Logo o sono vem chegando,

tá o caboclo já sonhando

com um novo despertar.

Mas, " Êta mato, tá danado!

Como custa capinar! "

E o caboclo brasileiro

vai penando o dia inteiro

para o mato depenar!

Victoria Magna
Enviado por Victoria Magna em 03/06/2005
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