A velhice

Os meus cabelos brancos me incomodam,

já não gosto mais de mim.

Aceitar como?

Se um dia eram castanhos e ondulados.

As rugas que se multiplicam me irritam,

tiram meu sossego.

Minhas fotografias me assustam,

só em me lembrar que quando moço

eram lindas e perfeitas.

Esta transformação encurta meus dias.

Canseira em todo o corpo... Nunca tive.

Esquecimento... Nunca tive.

Não consigo aceitar minha surdez,

faço as pessoas repetirem o que falaram...

Coisa que ninguém gosta.

A velhice é portadora de insatisfações,

nela o covarde se comporta,

e o valente se amansa.

A velhice não me deixa nem subir numa árvore,

que uma vez eu tanto gostava,

ela é um entrave que tira todas as minhas energias.

Dores em todo o corpo... Nunca tive.

Na minha mocidade, carregava sessenta quilos.

Hoje para carregar dez quilos é complicado.

Chamar-me de velho é uma ofensa.

A velhice é como a árvore:

que começa a secar e descascar.

O bom mesmo é não falar da velhice.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 10/04/2010
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