UM JARDIM VESTINDO OUTONO

Naquela tarde cinzenta,

folhas caíram, entrelaçaram-se,

o vento soprou mais forte, mudando a coleção do meu jardim.

Jardim que acolhe o nosso abraço,

irradia junto com o mormaço, deixa o pé de algodão embebecido de suor.

Encanta-se com a flor renovada banhada pela brisa matinal

e pela fragrância da tua alma sem espinhos.

Perfume que se espalha dentro do renascer de uma estação chuvosa,

sóbria...

mas simplesmente evapora por toda a sobriedade do outono

e de todo cinza do céu fixando-se na penumbra da noite envolvente

que vagarosamente vai mareando meus olhos

diante da forte ventania,

a natureza despia o meu jardim da antiga estação

e permitia a colheita do olhar da constelação que vislumbrava

e adornava toda aquela coleção do meu jardim,

captando os reflexos de sobriedade do outono,

onde nem o clima nem a forte chuva

nem mesmo todos os roedores das florestas preservadas

mudariam os meus planos

de permanecer em volta do algodoeiro,

entregando-me às rendas da nova coleção do meu gramado,

e sentindo toda maciez do algodão em minha face,

enternecida,

complementando, assim,

o meu observar de um jardim vestindo outono.

SHIRLEY LIMA
Enviado por SHIRLEY LIMA em 09/04/2010
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T2187116
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.