NO CENSURA
Não censures a minha forma
De admirar a beleza do mundo.
É por acaso errado o pássaro
Que cai morto
Durante o desfile das flores na primavera?
Os braços com poder de corte
Que tanto me pesam de um lado
Estão querendo me atrair
Para a paralisação inútil de ser fraco.
Não! Nasci forte, com a força escondida das rochas
Que apesar de brutas e silenciosas
Causam pavor e espanto no rugir dos mares.
Tenho um pouco de tempo
Mas a minha fatia não representa poder ou posse.
Preciso marchar levando a vida a tiracolo
Para que eu possa ser visto e elogiado
Por não estar passando em branco.
Os silêncios que apertam para a eternidade
Vigiam-me e eis que não consigo
Fazer com que me admirem.
A palidez da minha alegria
Não agradece a quase nada.
Mas nãos ou egoísta.
Tenho minhas formas e modelos
E delas olho uma janela sempre aberta.
Através de sua passagem
Observo as coisas da vida.
Mas a minha imagem caminhando
É a que mais me atrai.