COMO SOBREVIVER ASSIM

Meu Deus, meus anjos

Como viver assim, nessa desordem

Impotente como me sinto

Incapaz de mover uma palha

Não fui eu quem construi as casas no monte

Monde de lixo que se encontrava oculto

Lá em baixo

Mas me sinto responsável

Nessa nossa total e inconsciente

Irresponsabilidade fatídica

De poder prever o improvável

Por ser tão fácil de saber

Que nada ali era potável

E sim um imenso lixão

Lixo que eu criei ao não me reciclar

Em coisa que todos já sabemos

Que poderíamos evitar

Ao não arremessar no chão o papel

De não jogar as garrafas pelo ralo

E saber que os que lá debaixo ficaram

Com tanto lixo sobre as cabeças

Enfiados nele até o talo

Por minhas incompetências

De não ver o que vos falo

Por estar cego nas minhas essências

Por não saber onde é nosso calo

Que Calamos por inocência

E deixamos as mortes do Monte do Bumba

Registradas só como mais uma catástrofe

Onde eu não estaria envolvido

Mas sei da minha responsabilidade

De nunca ter denunciado

Por que todos sabem da verdade

E nunca haviam se pronunciado...

p. dias 09.04.2010

Arqueirorj
Enviado por Arqueirorj em 09/04/2010
Código do texto: T2186542
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