Desespero

-Cavei

Achei a vizinha

Com o filho abraçado

Não agüentei ficar ali.

-Medo,

Não tem pra onde ir.

Casas, famílias, estabelecimentos,

Histórias em decorrência.

Em cima e em baixo,

A terra vira lama.

Escorre com violência,

Arrasta aquele dia de trabalho,

Pra compra do pão.

Leva com furor o cansaço e alegria,

Da laje batida.

Corre, corre e devasta tudo e todos.

Cobertos de água ou terra,

Desesperos que levam a vida,

Que leva o cumprimento das manhãs,

Que leva as conversas do ponto de ônibus.

Aquele olhar inconformado,

A lágrima que traz a tristeza,

A ajuda acompanhada do silêncio,

Representa o sentimento unido.

A parte que mais vale,

Quando não estamos mais inseridos no padrão.

As esmolas estaduais e federais são empregadas,

Mas a dor e o nada já estão fixados.

A sujeira do barro esconde o tio,

Abafa o socorro,

Abate o choro,

E a morte terminar a dor.

Veronica Ribeiro
Enviado por Veronica Ribeiro em 09/04/2010
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T2186388
Classificação de conteúdo: seguro