O AZUL

O AZUL

''Fiquei pobrezinho,fiquei sem quimeras

que nem Pedro-Sem

Que teve fragatas,que teve galeras

que teve e não tem''

Antônio Nobre

Ele queria que tudo fosse

azul,como as entranhas

de janeiro e as tamanhas

horas absurdas. Que fosse

tudo de um azul celeste

que unisse seu mundo,

do infinito ao profundo,

num só corpo. E que este

fosse todo o esperar

do náufrago e do poeta,

de quem se perde nesta

tanta vontade de amar.

Pois se não fosse assim

como teria a lembrança

de quando era criança

e via que tudo era assim.

Ser azul também dentro

era a sua maior utopia;

como uma estrela fria,

como a nuvem,o vento:

(variação e movimento;)

(Ah, neste azul-abismo cair:

e que nunca a ninguém

fosse permitido o desdém

de estranhar seu sorrir.)

Azul que pudesse encher

seu vazio em seu fim

cujas portas só assim

abririam ao anoitecer:

Neste tom de beleza sem par;

Símbolo acabado dessa

vontade de querer a beça

o sempre ter que alcançar.

Danilo Sérgio Borges
Enviado por Danilo Sérgio Borges em 09/04/2010
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