O AZUL
O AZUL
''Fiquei pobrezinho,fiquei sem quimeras
que nem Pedro-Sem
Que teve fragatas,que teve galeras
que teve e não tem''
Antônio Nobre
Ele queria que tudo fosse
azul,como as entranhas
de janeiro e as tamanhas
horas absurdas. Que fosse
tudo de um azul celeste
que unisse seu mundo,
do infinito ao profundo,
num só corpo. E que este
fosse todo o esperar
do náufrago e do poeta,
de quem se perde nesta
tanta vontade de amar.
Pois se não fosse assim
como teria a lembrança
de quando era criança
e via que tudo era assim.
Ser azul também dentro
era a sua maior utopia;
como uma estrela fria,
como a nuvem,o vento:
(variação e movimento;)
(Ah, neste azul-abismo cair:
e que nunca a ninguém
fosse permitido o desdém
de estranhar seu sorrir.)
Azul que pudesse encher
seu vazio em seu fim
cujas portas só assim
abririam ao anoitecer:
Neste tom de beleza sem par;
Símbolo acabado dessa
vontade de querer a beça
o sempre ter que alcançar.