SINAIS DA NATUREZA
Ó, ave triste,
Sei que passeias no jardim
Teus olhos são duros, impiedosos
Vermelhos, injetados, rajados
Crispados de uma dor sem fim
Ó, ave, eu te peço,
Eu te ordeno
Cante
Até, como as cigarras,
Pelas costas explodir
Ó, ave de penas esfarrapadas,
Fala teu nome
De ti me aproximo
E não temo
E não gemo
Nem trinco os dentes
Ó, ave totalmente dolorida,
Eu seguro teu corpo
E sinto a imensa ferida
Desenho sobre ti a cruz
Nada mais consigo ver
Ó, ave da cor da noite dos breus,
Que entre em teus olhos
A ternura do luar
E em teu corpo
Um anjo comece a orar