A esperança da lembrança.

No quintal do seu coração, cava
o poeta uma palavra que retome
os momentos em que a musa cantava
a cantiga da sua imagem e nome...
Quando eclodiu o dilúvio de mágoas,
a esperança engolfou-se na procela,
mas, voltou, quando baixaram as águas,
embora arrastada pelo vazio dela.
O poeta abriu seus dedos nos espantos
da dor chegando traiçoeira,
e quase emudeceu seus cantos
na sua voz da saudade prisioneira.
Mas ainda murmura nele a esperança
de que, no silêncio atual do quase nunca mais,
do pranto dela escorra também a lembrança
da imensa falta que ela lhe faz!






Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 08/04/2010
Reeditado em 09/04/2010
Código do texto: T2184537
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