NOSSO PAÍS

Nosso país

É uma enorme planta

Que se colhe e implanta

Uma flor morte e triste

No coração de quem ainda existe.

Teve rio que, coitado de sorte, morreu de sede

Outros estão se guardando

Para a morte que vem e afoga.

A minha voz está por um fio

Escapou do fio da espada

Mas ainda teme pela volta do fuzil.

No nosso país

A sorte é quase nossa, mas não se acha

Há lenha até na fossa, mas o machado não racha

No nosso país

Há um imenso rio que atravessa uma rua

E uma mão gigante que distribui uma sorte crua.

No edifício construído de tijolo e calos

Morre sempre uma rosa amarela por falta

De um copo d´água na janela

Nosso país

Cultiva um jardim branco e cinza

Por onde escorre uma água incompreendida

Inventada na seca da vida

Vidas secas

Cada uma

Com meia alma seca

Construindo com mãos secas

Um destino seco.

Nosso país

Quase Brasil

Espera ainda que algum sonho meio louco

Sonhado por alguém que consome pouco

Abra-nos uma porta azul sem volta

E que nela caiba toda a nossa vida

Inteira e junta sem medo e sem revolta.

Nosso país

Está passando do estado de sempre querer passar

Para chegar logo a ser um grande Estado

Para nosso coração ficar em estado de graça

Sem complô e sem pirraça

Vivendo de amor e na raça

Tornando ao avesso toda e cada desgraça.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 08/04/2010
Código do texto: T2184328