V E L H A R O T I N A
O dia que vai,
A noite que vem,
E eu sem meu bem
Para abraçar.
É o vento que espalha,
Às pequenas migalhas,
Do ferreiro a limalha,
Em seu labutar.
Da forte tarefa,
O calo na mão,
O suor e o pão,
A se misturar.
É a velha rotina,
Entre a serra e a lima,
Em sua obra-prima,
A se revelar.
Nesta injustiça,
Que a vida me traz,
Ou se tem muito gás,
Ou você pode apagar.
É triste o lamento,
Que soprem bons ventos,
E vindo bom tempo,
Tudo vai melhorar.
Meu bem vem chegando,
Vivendo e amando,
Não mais chorando,
Com alegria no olhar.
Daí em diante,
Eu mudo o semblante,
É o eterno amante,
Do ferro ao forjar.
O triste ferreiro,
Muda por inteiro,
Atiça o braseiro,
Sempre a martelar.
A vida se renova,
E é mais uma prova,
Que em sua alcova,
O amor reinará.
Esta é mais uma história,
Do antes e agora,
Quem sabe faz a hora,
Não se deve esperar.
Uma nova visão,
As penúrias se vão,
Com vontade e ação,
Deus abençoará.
Cadê o ferreiro?
O artesão e o oleiro?
Cadê o padeiro?
Onde é que está?
A vida reluz,
O trabalho conduz,
Aqui se faz jus,
A quem vai batalhar.