V E L H A R O T I N A

O dia que vai,

A noite que vem,

E eu sem meu bem

Para abraçar.

É o vento que espalha,

Às pequenas migalhas,

Do ferreiro a limalha,

Em seu labutar.

Da forte tarefa,

O calo na mão,

O suor e o pão,

A se misturar.

É a velha rotina,

Entre a serra e a lima,

Em sua obra-prima,

A se revelar.

Nesta injustiça,

Que a vida me traz,

Ou se tem muito gás,

Ou você pode apagar.

É triste o lamento,

Que soprem bons ventos,

E vindo bom tempo,

Tudo vai melhorar.

Meu bem vem chegando,

Vivendo e amando,

Não mais chorando,

Com alegria no olhar.

Daí em diante,

Eu mudo o semblante,

É o eterno amante,

Do ferro ao forjar.

O triste ferreiro,

Muda por inteiro,

Atiça o braseiro,

Sempre a martelar.

A vida se renova,

E é mais uma prova,

Que em sua alcova,

O amor reinará.

Esta é mais uma história,

Do antes e agora,

Quem sabe faz a hora,

Não se deve esperar.

Uma nova visão,

As penúrias se vão,

Com vontade e ação,

Deus abençoará.

Cadê o ferreiro?

O artesão e o oleiro?

Cadê o padeiro?

Onde é que está?

A vida reluz,

O trabalho conduz,

Aqui se faz jus,

A quem vai batalhar.

Ailton Clarindo
Enviado por Ailton Clarindo em 07/04/2010
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