POETAS FANTASMAS
É preciso ser terrível para atravessar uma noite
Com os dentes a rilhar o coração.
Alvos e cínicos,cafajestes
A mentir e roubar!
Não ao homem de terno!
Aqui todos cheiramos a mesma tinta podre,
Somos vilões e roubamos as lâmpadas das iluminuras
Somente para não sentirem nossa presença.
Brindamos com vinho falso,nossa bandeira,
Evoé Baco!
Lancem os dados,os dados!
Suas apostas viciadas!
É fácil prever a madrugada,
Como é simples pernoitar calçadas!
Um brinde ao vagabundo e suas faltas!
Não desejamos a praça deserta,
Queremos mais;
Politizar suas náuseas.
Evoé Baco!
Vivemos de restos de poesias,
Sobejos que entopem bueiros,
Ilustres fedentinas que atraem ratos.
Não queremos namor,amor serve pra quê?
Senão para nos domesticar?
Somos selvagens!queremos o fogo!
Sintetizar as chamas!
Evoé!
Desgraçados por natureza,
Somos inócuos ao veneno,somos,de verdade,
Adocicados.
Queremos menos que uma piedade,
Queremos a cólica Darwiniana e sentimentos quixotescos.
Não pergunte sobre o que brindamos,
O espetáculo da dor é uma máscara risonha
E somos artistas por profissão!
Se ainda sobra uma mágoa,transbordamos,
Se sobra uma dor apertamos o coração,
Prensamos,esprememos,
E com o suco extraido escrevemos um poema.
Evoé!
Evoé!
Evoé!
Brindemos ao nosso coração partido.