Trem

Ler poetas mortos soa à luz fraca,

e a luz é sempre fraca quando é morte

e a morte do poeta fraco infringe luz ao outro

e o outro não é poeta quando finge ser fraco.

Da janela do trem sinto o cheiro dos poetas,

vejo no chão os pés descalços...

Da janela do trem sinto abismos onde há música

No alto um cheiro doce, cansaço...

Da janela,

Num múltiplo de luzes, faz-se a sombra.

E o riso do gaiteiro cego explode

Qualquer moedinha, cidadão, qualquer moedinha...