Catarro

Que Deus me abençoe

Ou ao menos me perdoe

Por tamanha amolação

Mas como explicar para este senhor

Com tão pouca oração

Que a culpa não é minha?

Sou desses de gosar da dor

E lhe dar algum crédito

Pelo pudor e pela angústia

De ser mero bom cristão.

Mas Deus me abençoe

Ou ao menos me caçoe

Por tão pouco existir.

Já perdi todo o talento

Por tanto relento...

Que me impulso a eclodir.

Logo eu, de fígado forte

E ressacas tão nobres

Largado a todo porvir

Então que Deus me abençoe

Ou ao menos me assoe

Pois cansei-me de seu nariz

Estou aqui por um triz

Tal a chaga, a ferida...

A mucosa reprimida...

Tanto mais a deprimir.

Bastardo!

Queria era ser só a lágrima torta

Que este teu olho esquerdo aborta

Ao primeiro sinal de sentir

Essa tão bela verde obra... escorrer

Éden
Enviado por Éden em 07/04/2010
Reeditado em 14/07/2011
Código do texto: T2182386