Catarro
Que Deus me abençoe
Ou ao menos me perdoe
Por tamanha amolação
Mas como explicar para este senhor
Com tão pouca oração
Que a culpa não é minha?
Sou desses de gosar da dor
E lhe dar algum crédito
Pelo pudor e pela angústia
De ser mero bom cristão.
Mas Deus me abençoe
Ou ao menos me caçoe
Por tão pouco existir.
Já perdi todo o talento
Por tanto relento...
Que me impulso a eclodir.
Logo eu, de fígado forte
E ressacas tão nobres
Largado a todo porvir
Então que Deus me abençoe
Ou ao menos me assoe
Pois cansei-me de seu nariz
Estou aqui por um triz
Tal a chaga, a ferida...
A mucosa reprimida...
Tanto mais a deprimir.
Bastardo!
Queria era ser só a lágrima torta
Que este teu olho esquerdo aborta
Ao primeiro sinal de sentir
Essa tão bela verde obra... escorrer