"FRIA CAMPA" Poema de: Flavio Cavalcante
FRIA CAMPA
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Fria campa que me abrigarás um dia
Prepara minha cama aqui neste lugar
És para mim a minha eterna moradia
És o berço que meu corpo vai descansar
II
Fria campa de berço esplêndido e indesejado
És a porta que define o meu bem e o meu mal
Receba em tuas mãos o meu corpo inanimado
E se transforme apenas em água e sal
III
Fria campa que fatalmente irei morar
Não deixa que meu cadáver seja eivado
Se acaso por algum motivo banal eu falhar
Me deixa inerte neste chão frio e molhado
IV
Fria campa de luz tenebrosa e estupefata
Deixa eu descer com meus lábios secos e sem sorriso
Perdoa-me pela vida que na terra foi insensata
Levando todas as lembranças para este espaço conciso
V
Fria campa onde a morte é minha maior companheira
Finca a cruz da minha dor com meu nome cravado
Deixa-me salivar toda a saudade mais verdadeira
Neste buraco profundo que para mim foi cavado
VI
Ao mundo que agora vou deixar dou meu adeus
Aqui jazz uma azáfama sofrida e descida numa rampa
Arrastando do meu corpo todos sofrimentos meus
Esperando a sua visita a minha fria campa