SE

Se fosse pintor, pintaria o cético

E daria mais cor ao convicto.

Se fosse mais triste, seria mais poético

No sonho de filosofar com os infelizes.

Se fosse o bem, abrandaria o mal

Para pouco violentar a vida.

Se fosse jardim, falaria com as flores

E declararia meu amor à margarida.

Se fosse roseira, dispensaria os espinhos

Para não ferir os fiéis admiradores.

Se fosse o sol, brilharia em sutis recônditos

Só assim trataria com igualdade os desiguais.

Se fosse a vida, convenceria a morte

A não alimentar de vez a finitude.

Se cavalo de passada, deixaria o trote

Para dar oportunidade aos burros de nascença.

Se rio fosse, questionaria o sal do mar

Porque não me salgaria no leito doce.

Se fosse águia, a vida seria mais visível

Porque os gigantes se afirmam nas alturas.

Se beija-flor, me orgulharia da velocidade

Para ver melhor a primavera das flores.

Se fosse o medo, me aliaria à coragem

Para enfrentar, destemidamente, as agruras.

Se fosse o tempo, não inventaria as horas

Só assim não mediria a felicidade.

Se fosse a alegria, moraria na tristeza

Para amenizar dos tristes as dores.

Se fosse árvore, diria à floresta

Que os pássaros nos pousam e nos cantam em festa.

Mas... se eu fosse a boemia, amante da noite...

Ah... diria à seresta : por você, ébrio de amor !.

LeandroRecife
Enviado por LeandroRecife em 06/04/2010
Código do texto: T2179695
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