OLHOS BORGEANOS
Miro teus olhos
Teu brilho intenso e a profunda verdade que professam.
Há em teu olhar um universo que assusta e seduz
Lembro-me d’O Aleph, de Borges.
Vejo os meus próprios olhos em teus olhos
E em meus olhos estão os teus olhos
E nestes um palácio de espelhos
Onde circulam seres e partículas etéreas
Que se chocam em seus reflexos.
Temo tropeçar na projeção de meus sentidos
E ser lançado num mergulho abissal em meu próprio ser
Temo desvelar-me
E revelar-te o sentido de minhas mais secretas palavras
Que ingenuamente creio-as incompreendidas.
Temo embriagar-me com o absinto
E não poder ou não mais querer
Retornar ao castelo de vidro onde me escondo de ti.