Corpo de baile II
Quando a noite cai como um animal morto
e as estrelas se dependuram no céu
como moças na varanda,
meu coração adormece e sente saudade.
Essa é a hora em qua a fogueira queima a tristeza,
quando a sanfona se mistura à poeira e ao sal,
e os pés se arrastam numa festa improvisada
onde o acanhado senso de equilíbrio,
me diz que a beleza reside numa dança no escuro.
Para além da muralha de breu,
o som retumba e nunca mais irá retornar.
Assim como este corpo antigo
que conduz um sonho escondido
num peito que morreu faz tempo.
Mas que contempla atravéns das serras
o som que restou de uma festa
que nunca mais irá acontecer.