Carta de Navegação*
Ouve-se o tamborilar das águas
Encrespadas, lambem pés
O olhar escala o pico da onda
Sou névoa densa na maré cheia
Num festim marítimo
Dispo-me em corpo sereia
Desvendo-me laço a laço
Como oferendas na gulodice
Poro a poro
Sou especiaria em teus dedos
Ainda coberta de estrelas
Revelo-me suor e presteza
Em lábios de mar
Corpos enlaçam-se
Tu e eu
Movimentos cíclicos
Partículas de sal
Moldam-se em vagas
Amantes foragidos
No profundo olhar
Princípio de universo
Decifro-te carta de navegação
Ondulando nas meninas dos olhos
Desemboca o sagrado
Alto mar profano e são.
Karinna*