Requintado desleixo
Quando cheguei aqui, percebi
Depois de tanto tempo andar, tropeçar
Disseram-me:
Oh, homem sem lar!
Seu Rei morreu há tempos!
Hoje sei que ganhar é perder
E o dia é minha noite
Nasci reto, entusiástico, vigoroso
Hoje, vivo torto como um açoite impetuoso
Ouço o barulho que vem das escadas...
O espião cortêz era aguardado com veemência
E nessa noite, jantará conosco, tenhamos prudência
Descarto minhas claras intenções, minhas eloquências
Seus olhos são tão pequenos e marrons
Que não podem perceber a mínima réstia entre seus vastos tons
Daí veio o meu melhor verso
Fixei-me em tua velha fotografia
A única que possuía
E só então percebi os traços do seu queixo
A inquietude de sua alma, seu requintado desleixo