Requintado desleixo

Quando cheguei aqui, percebi

Depois de tanto tempo andar, tropeçar

Disseram-me:

Oh, homem sem lar!

Seu Rei morreu há tempos!

Hoje sei que ganhar é perder

E o dia é minha noite

Nasci reto, entusiástico, vigoroso

Hoje, vivo torto como um açoite impetuoso

Ouço o barulho que vem das escadas...

O espião cortêz era aguardado com veemência

E nessa noite, jantará conosco, tenhamos prudência

Descarto minhas claras intenções, minhas eloquências

Seus olhos são tão pequenos e marrons

Que não podem perceber a mínima réstia entre seus vastos tons

Daí veio o meu melhor verso

Fixei-me em tua velha fotografia

A única que possuía

E só então percebi os traços do seu queixo

A inquietude de sua alma, seu requintado desleixo

Marciano James
Enviado por Marciano James em 04/04/2010
Reeditado em 24/01/2011
Código do texto: T2177448
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