COM MUITO CARINHO

Sempre quando a tarde se esvai,

Fico horas pensando em meu pai;

Seus olhos miúdos... como a olhar distante

O caminho percorrido pelo próprio viajante.

Não há marcas. O tempo desmanchar conseguiu,

Mas meu pai entretido teima que viu

Um homem correndo, procurando trabalho

Na construção ilusória entre areia e cascalho;

Mas em meus pensamentos mora uma saudade.

Recordo das ave-marias tocando na tarde.

Meu pai assentado na copa jantando

E a meninada na calçada tagarelando.

Depois, o presente aponta-me o dedo

Para o velho simples, sem segredo,

Trazendo consigo a vida na palma da mão.

Dentro do peito, o amor em forma de coração.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 04/04/2010
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