Anjo de Sodoma
No meio de Sodoma
eu encontrei um anjo claro,
Talvez a sua voz,
Talvez a sua alvura
Tão negros seus cabelos,
Como torpezas de Sodoma.
Seu canto me deliciava,
Ora benevolente,
Ora voz rouca, cheia de luxúria,
Como não poderia haver de ser,
Se estamos em Sodoma.
Aliás quem sou para falar de Sodoma,
Tanta lascívia tenho eu?
Voz provocadora de impulsos,
Ardentes, vermelhos,
Cheia de cores,
Uma Sodoma Angelical?
Cante voz de Sodoma,
Voz angelical de Sodoma,
Desgraças do meu ser!
Conte a alegria de estar ébrio e vivo
Conte a alegra de sentir-se
Por vezes Schopenhauer.
Cante às purezas,
Cantes às torpezas,
Cante, cante anjo, em meio às flamejantes chamas!
As chamas que hão de consumir Sodoma.
Cante depois à estátua de sal da mulher de Lot,
Justo cidadão,
Cante anjo!