Beija-beija

Beija–beija ó beija flor.

Teu ninho um canudinho de algodão.

Teu alimento o sabor do mel das flores.

A vibração de tuas asas

segura o teu corpo inerte nos ares.

O teu biquinho é como uma agulha

que penetra de mansinho em cada flor

alimentando-te, dando-te vida.

Suga o teu sustento.

A natureza e as flores

bendizem-te e adoram.

Tuas penas brilham

com o verde que seduz.

A perfeição da delicadeza,

quem diria, tão lindo...

Alguém te fez assim:

para sacudir minha emoção

em momento tão passageiro.

Tão rápido,

Um ponto final em cada flor.

Aparece e desaparece

num fechar e abrir dos meus olhos.

Relíquia do símbolo

da ausência e da presença.

Tua velocidade me embriaga.

Não sei da onde vieste

nem para onde voaste.

Beija–beija ó beija flor.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 04/04/2010
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