Poema de Santana

Talvez não sei nem quando

Vai se transformando em pó

Às vezes até dá dó

A garganta dá um nó

Fica seca,poeirenta,ver tudo se

Transformando em entulho

Se tudo vier abaixo

Da forma que estão,talvez nem

Chegaram a ser

A ficar na memória

De um dia poder contar

São casarões da Santana

Alguns poucos de um lado

Ou de outro lado

Subindo,subindo,lá em cima você vê

Talvez nem mais veja,o que sobrou do

Pico do Cauê

Nos casarões desta rua

Ninguém mais fala,só cada

Na tristeza de cada casa

O que eu faço na janela?

Pra vê ela?Não mais o Pico do Cauê

Nem vejo mais o Pico do Amor

Só dar,solidão

De quem um dia sentiu dores

Não as dores do parto

Santana sentiu dores

Ao dar a luz a Das Dores

Das Dores,senhora do colégio

Tantos que ali vão,não ser talvez sacrilégio

Tédios,Santana é um encanto

De tantas Joanas,Sebastianas ou Marianas,Luciana ou Poliana

Santana das ruas Neuzas,Creuzas,das Marias

Que vão rezar o Rosário

Não sei quantas Marias tem a Santana

Ao dia

Nunca mais as vi nas janelas dos casarões

Rosto no anonimato,na parede alguns retratos

Chega alguém na janela,olha não vejo

Sobe desce passos em silêncio

Nas janelas alguém vem ver

Contraste,velho,novo

Jeito de viver,dos casarôes,das janelas

Não têm persianas

Quem passa pela Santana

Não sabe o que na mente

De quem sobe e desce

A noite chega

Chega à noite,o dia amanhace

Começa tudo de novamente.